terça-feira, 20 de outubro de 2015

Alice a despachada 2/4




Precisava de tantas palavras que não existem para descrever a caçulinha da nossa família. Tanta personalidade neste pedacinho de gente que hoje faz 13 meses. Neste momento a Alice pesa 9'100kg e tem 71cm, faz tantas e tantas que até nos dói os maxilares de tanto sorrir. Pois, a pituca tem personalidade vincada desde sempre, começou na barriga como já vos contei mais embaixo. Faz não com a cabeça desde os 5 meses e meio e com sentido, o sim também faz parte das suas mímicas. Se lhe falamos baixinho ao ouvido fica muito quietinha a ouvir para depois concluir com um abanar de cabeça positivo como se tivesse percebido tudo muito perfeitamente. Um máximo.

Diz "Pê" para a chupeta, "Papá/Paíííí", "Mamã/Mãeííí" (continua só a ser em horas de aflição) "Pápa" (adora esta), chama o "Baiiii" (Vaip, o nosso peludo), "Pããã" para o pão/bolachas. "Pé" para o pé, claro. Sabe onde está o narizinho, a boca, as mãos. Assim que apanha a escova pentea-se desenfreadamente e ri-se de morte com o "vúúú" (secador de cabelo). Adoooora sapatos, mal vê a montra de uma sapataria fica eufórica e de dedinho em riste a gritar desalmadamente"Páááá" para os sapatos (nada gaja portanto). Diz "Váva" para a água. "Têtê" a Teresa que é uma menina da creche que a Alice adora. "Púpú" para o piu-piu. Mas a sua palavra preferida é sem dúvida "OLÁ". Esta criança mal chega á rua começa a acenar qual princesa no seu reino e a dizer a alto e bom som "Olááá" a cada pessoa que se cruza no nosso caminho, provocando inúmeros sorrisos na nossa pacata cidade. É extremamente simpática e sorridente, ao ponto que pessoas que nós não conhecemos já dizem "Olá Alice" em vários lugares públicos, pois recordam-se dela. E nós, ficamos a olhar um para o outro com cara de pescada cozida. 

Pedacinho de gente ainda não anda, agarra-se aos móveis e faz o seu caminho assim, ainda se sente insegura e precisa sempre das nossas mãos para dar os seus passinhos. Mas calmamente vai lá como todos os outros, sem pressas que a vida já é stressante o suficiente. 

É uma melómana nata. Canta quando come algo que lhe agrada. Conhece as músiquinhas todas da Xana Toc-Toc e do Panda. Sempre que está um pouco agitada no carro, basta-nos meter o cd do Pai L. a tocar que já não há menina, 9/10 adormece quando chega á 3ª música. Não pode ouvir a música de uma publicidade que já abana o capacete e o seu rabito. Gosta imenso quando o Pai L. a senta na bateria e a deixa com as baquetas entregues às suas pequenas mãos. Sorri embevecida para o seu papázinho quando o vê sentado ao piano e canta com ele. 

Ama a água e o momento do banho é sempre sinónimo de muita risota. Quando acabo de lhe dar banho, uma das primeiras coisas que faz mal chega ao trocador é estender-me as mãos para lhe pôr um bocadinho de creme corporal. Depois é vê-la espalhar nos seus pequenos bracinhos rechonchudos e gargalhar ao sentir a textura escorregadia nas mãos. Um verdadeiro deleite para quem a observa. 

Flor de Mel é gourmet, não come de tudo, até é um pouco difícil pois basta não gostar da textura na boca que é um festival de "PfffffffPfff" nas nossas caras e roupas. Come bem arroz e pedacinhos de carne (frango, perú,vitela), já não é tão fã de massas e fruta cortada. Adora sopa e, claro, pápas da Nestlé. Ainda não gosta muito de comida sólida. 

Quando vê alguém a preparar-se para ir á rua, fica logo em alerta. Chamo-lhe carinhosamente nesses momentos "Maria Gasolina", só gosta de passeio e rabiosque tremido. 

Não gosta nadinha de se vestir, parece uma enguia no trocador. Perco sempre uns 3kgs quando a tenho de vestir, pois não pára quieta um segundo, vira-se e revira-se. Tenho sempre de a distrair com mil e uma coisas, cantar, mordiscar-lhe os pés, fazer vozes patetas para ver se a criatura sossega, mas confesso é muito, muito difícil. 

É uma bebé de hábitos, é-nos sempre complicado quando fica 2-3 noites fora de casa porque ela estranha muito. Gosta do sossego da sua casinha e do cheirinho do seu quarto. Mas tendo nós a nossa profissão muito complicado gerir esse factor mas temos SEMPRE isso em conta. O conforto da nossa menina sempre em primeiro.  

Ama brincar com a irmã (quando esta está para lá virada, 15 anos minha gente, 15 anos) ri-se desalmadamente com as brincadeiras da Filhota grande. Um dos passatempos preferidos da nossa Alice é andar atrás do nosso cão. Gatinha por todo o lado por onde ele vai. Faz-lhe festinhas mais ou menos carinhosas pois acha imensa graça aos pelos do nosso patudo, e muitas vezes está tentada em fazer-lhe uma épilaçãozinha á la mano. O que é certo é que eles adoram-se e é enternecedor ver o instinto de protecção que o canito tem para com ela.

É esperta que nem um alho e nós somos loucos por ela. Quem diria que uma laranjinha que nasceu com défice de peso (2'590kg), tão frágil, tão pequenina (47cm), hoje com 13 meses seria uma bebé tão determinada, tão sem medo de nada, tão dada. Somos uns sortudos e só podemos estar gratos à vida por estar na nossa vida.






sexta-feira, 16 de outubro de 2015

#Conversas de Mãe




Esta semana participo no #conversasdemãe do blog @vinte_e_agora onde a querida Diana fala do seu dia a dia com o príncipe Tomás. Esta semana o tema do conversas são os produtos de higiene dos nossos pequenos. É algo que imagino, com que todas as mamãs se preocupam até antes do bebé nascer e que depois se vai definhando quando ele cá está. 

Ora bem, os produtos que uso na minha Alice : 

  • Para o banho e cuidados da pele uso a gama Barral BabyProtect creme de banho assim como o Leite hidratante @barralportugaltem um cheiro divinal! Para as zonas que por vezes podem estar mais secas tal como a dobra do pézinho e bracinhos uso lendário óleo johnson's baby. 
  • Para a carinha uso um creme da marca Milette (marca Suíça) pois numa viagem a genebra onde estava um frio de rachar meti pela primeira vez o creme para o rosto da mustela e foi simplesmente um horror, provocou uma alergia medonha na Alicinha, resultado fui comprar aquele creme em urgência lá no supermercado e até hoje é maravilhoso. 
  • Em relação ao rabiosque e mudas, uso fraldas da Dodot activity ou do Pingo Doce, um pouco consoante as promoções que vou apanhando. As Toalhitas são da Johnson ou as Sensitive do Pingo Doce (adooooro), para a proteção do rabinho, uso desde a minha Filhota grande o fantabulastico Mitosyl. Sou mega fã! Nunca tive a Alicinha muito assada mesmo quando saíram os dentitos. 
  • Para o narizinho da minha pituca, marcha Unimer Pediatric assim como o soro fisiológico da Mustela. 
  • Para os dentinhos mais uma vez o gel aliviante da Mitosyl funciona muito bem. Para terminar tudo isto penteio e perfumo a minha Flor de mel com os produtos da@chiccoportugal e voilá!

Obrigada à #conversasdemãe pelo tópico deveras interessante desta semana e convido as mamãs que me leem a participar. 








terça-feira, 13 de outubro de 2015

Que raio de moda é essa?




Meia blogosfera anda a correr. Não posso abrir um blog sem que me apareça logo um par de ténis, um "Running Time" ou "fui fazer a maratona de alguidares de baixo, uiui corri 2468km". Sinceramente estou um bocado farta de me deparar com corredores do meio-dia, eram blogs que eu curtia seguir pois falavam de tudo um pouco. Agora só falam de PTs e dos quilómetros que pretendem correr na próxima corrida. Não há pachorra! Eu não sou grande desportista, é uma realidade, já corro que chegue com o meu trabalho e as minhas filhas mas para quê essa moda do "se-não-corres-és-uma-ganda-hasbeen-vê-lá-se-mexes-esse-rabo-gordo-sua-grandíssima-baleia-preguiçosa". Cada um com a sua cena, não? Enfim. Agora se me dão licença vou ali engolir um belo de um pastel de nata e alapar este rabo bem gorduchinho na maravilhosa cadeira de manicure. Mesmo assim à la mete nojo Style, pimbas!


 

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Do verbo ACREDITAR




Quando tudo à nossa volta nos quer dar motivos para desistir ou descrer, o grande milagre é continuarmos a acreditar. A acreditar em nós mesmos, nos outros, na vida, no valor da solidariedade, na urgência em resgatar a esperança e a fé, seja ela de que natureza for. Há sempre algo que nos mostra que é possível renovar a confiança na humanidade e encontrarmos em nós, forças para deitar mãos à obra. Ter fé na vida. Sim, sempre. Mas sobretudo ter fé em nós próprios, é meio caminho andado para tornar os nossos dias mais suportáveis. (Soa um bocado a bambi, não é? Mas ás vezes é preciso esta dose de optimismo para não baixar os braços e batalhar, sempre e cada vez mais.)






domingo, 11 de outubro de 2015

Filhota M. a força tranquila 1/4

A Filhota grande tem 15 anos. É uma miúda calma, sempre foi, apesar de andar agora a levantar cabelo (faz parte não é?), é uma miúda tranquila. Desde pequenina sempre gostou de estar mais no seu canto. Foi uma bebé que andou relativamente cedo (11meses e 2semanas) mas que falou tarde. Era (e é) uma observadora nata. Ás vezes parecia que não estava a prestar atenção a nada e de repente era capaz de repetir bem mais tarde palavra por palavra o que se tinha dito na conversa. A Filhota M. é muito amiga do seu amigo, chegando ás vezes a por-se em alhadas só por causa disso. Tem um sentido de justiça muito agudo. Já me zanguei com ela algumas vezes, mete o nariz onde não é chamada e acaba por criar inimizades. Eu nunca lhe disse, mas gosto desse traço de caracter nela, chamo-a à atenção claro, porque é importante pelos tempos que correm (redes sociais, violência, bulling e etc...) mas preservar-se também o é. A M. é o tipo de miúda que veria bem ser aquela advogada gira e misteriosa que chega à corte e dá cabo daquilo tudo, calando tudo e todos, como nos filmes. Só que não,  desde pequenina que a minha doce índia gosta de desenhar, pintar e criar estórias. Desenha como raramente vi adultos desenharem. Sempre foi motivo de orgulho de quem lhe conhece esse talento. Por onde vamos todos lhe pedem um desenho. Anda sempre na lua a imaginar mil e uma coisas que só passam pela cabeça dos criativos. Se é fácil para nós convivermos com esse lado dela? Poderia ser, pois nesta família todos temos o nosso lado artístico vincado mas... não é. 

Neste momento os estudos deveriam ser a principal preocupação desta nossa filha. Andamos numa roda viva para que não se perca no meio de uma revisão e fuja para um planeta que só ela conhece e detém as chaves. Relembramos-lhe mil vezes que ao fim deste ano tem exames nacionais e que há uma porta grande chamada Soares dos Reis que espera pelo talento dela. Que será o que ambicionou para ela, entrar numa escola de artes, basta um pequeno esforço (sim que esta marota também é muito preguiçosa). Sabemos que é capaz de muito, muito mais e que atrás deste caracter tranquilo, do riacho de água adormecida há remoinhos e águas profundas, e uma determinação á prova de tudo. Ter 15 anos não é fácil. Recordo-me bem dos meus. Sentia-me incompreendida e desajeitada. Não queria que a minha filha se sentisse assim, mas acredito que faz parte do crescimento e que nada posso fazer sem ser deixá-la viver e tentar guiá-la da melhor maneira possível para que o sonho dela se torne um dia realidade. 







quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Bora lá dar música #1

Aqui em casa adoramos desde que a banda existe. 
E esta menina não tem uma voz tem um Sr. vozeirão <3


terça-feira, 6 de outubro de 2015

Porque nós acreditamos no (muito) felizes para sempre



Desde o aniversário da nossa pequena que não passava por aqui mas a razão acredito que seja a melhor de todas. Como alguns de vós sabem/souberam, o Pai L. e eu mudámos o estado civil para "casados" no passado dia 26 de Setembro. Já lá vão 10 dias e ainda estamos numa nuvem, como se aquele dia tivesse sido um sonho, que de facto foi, mas um sonho realizado. 

Passou tudo rápido de mais. Gostaríamos de ter estado mais tempo com os nossos amigos e familiares, gostaríamos de ter comido mais porque estava tudo absolutamente delicioso (Quinta D. José FTW), gostaríamos de ter bebido mais (bebi água praticamente o dia todo porque estava cheia de calor), gostaríamos de ter dançado mais (mas os nossos pés não deixaram). Em suma gostaríamos que aquele dia tivesse tido 48h para aproveitarmos ainda mais e melhor tudo aquilo que preparámos durante quase 1ano. Foi um dia mesmo muito feliz onde tivemos a maravilhosa presença do Sr. Sol que julgámos até ás 10:00 da manhã que não vinha e onde se sentiu até à última um ambiente de muito amor e comunhão. 

Assinalo também o dia 26 de Setembro como o primeiro dia em que a minha Alice disse á frente de todas as madrinhas e padrinho, fotógrafos e cia, durante uma birra gigante, um "Mamã". Sim, após eu ter dito 2 dias antes a toda a gente que a Alice só dizia "Mãeiiii", aquela piolha à cara muito, mesmo muito podre, berrou-nos um "mamã" perfeitinho e bem audível. Imaginam bem a linda cara de pescada cozida que fiquei e obviamente, passei por fabuladora, mas pronto tive a minha tão desejada palavra mágica naquela vozinha doce e pequenina. Acho que já disse por aqui algures que a Alice é a menina das surpresas, e claro, naquele dia não falhou. Tiro certeiro. 

Se pudesse voltava atrás só para viver aquele dia novamente. Resta-nos agora viver felizes para todo o sempre e daqui a 10 anos já ficou combinado vamos repetir a dose de festarola, obrigatóriamente. 




domingo, 20 de setembro de 2015

A vida com outras cores / 1 ano de Alice

Ultimamente ando com os sentimentos à flor da pele. Um nada me faz ficar com os olhos marejados, ando uma lamechas. Em parte é pelo nosso casamento daqui a uns dias mas outra é porque a nossa pequena flor de Mel faz 1 aninho.
É sem dúvida um dia que uma mulher nunca esquece. Há 1 ano, a esta hora, estava em casa com a filhota M., Pai L. tinha um concerto a 70km de casa. Estávamos em casa só nós as duas. As contracções começaram pelas 22h, tranquilas mas muito presentes. A experiência de um primeiro parto, 14 anos antes ajudou-me e muito a ficar calma. Fiquei naquela, deixa lá ver o que isto vai dar. Já tínhamos tido um falso alarme 3 dias antes, logo não estava minimamente com vontade de fazer papel de ursa novamente a meio da noite. Estava calma e serena, mas senti que estas contracções eram diferentes. O nosso peludo da casa estava estranhamente muito colado a mim. Seguia-me na casa toda, ao ponto de escavacar a porta da casa de banho quando lá fui. Acreditei no incrível 7º sentido que têm os animais, pensei que de facto só poderia ser coisa séria.  

Ás 00:30 decidi mandar um sms ao Pai L., só naquela de ver se ele estava quase a terminar pois as contracções estavam cada vez mais próximas e ritmadas. Respondeu-me 30 minutos mais tarde, estava um bocado aflita, cheguei a pensar que tinha de chamar um taxi e ir para o CMIN sozinha. Mas não, perguntei-lhe inocentemente :"Ainda demoras muito?" 
e ele respondeu : "Não amor, daqui a 40minutos estou despachado, o tempo de arrumar o material. Porquê?!" 
e eu : "Porque temos a nossa Lady pequenina a querer nascer. Mas vem com calma que isto ainda não é para já". Escusado dizer que 30 minutos mais tarde estava em casa. 
Telefonámos a uma amiga para ficar com a nossa mais velha e ás 3:15 da manhã seguimos para a maternidade. Durante o caminho a nossa pequena ainda fez das dela, com contracções a variar ora todos os 3minutos ora todos os 8. Chegámos a estacionar á frente da maternidade e a equacionar se entrávamos ou não porque a contracção que tinha de ter ás 3:39 não aconteceu. Não queríamos fazer mais uma figura triste, até que acabei por dizer ao Pai L. "Olha que se lixe, estamos aqui e estamos, vamos lá ver o que se passa com esta piolha". 
Claro, entrámos a dois e só voltaríamos a sair a três.
Fiz muito rapidamente a entrada adminstrativa e fui fazer o exame. Disseram-nos que era para ficar, estava com 3 dedos de dilatação. O Pai L. já chorava de felicidade mas estava nervoso, porque me estava a ver sofrer. Contracções não é de todo coisa meiga. Entretanto fui fazer um xixi que estranhei ser interminável, só depois reparei que não era xixi nenhum mas sim as águas que tinham rebentado. A partir daí a máquina estava lançada, fizeram a epidural ás 5:30, ás 6:45 fez-se a mudança de turno (A-LÍ-VI-O! pois a médica da noite era uma verdadeira besta que estava com soninho, tadixa) e chegou uma equipa maravilhosa. Pelo meio precisei em urgência de oxigénio pois o meu coração descompassou e estava a ficar uma situação perigosa, para mim e claro, para a bebé. O Pai L., foi maravilhoso, esteve o tempo todo comigo, deu-me todo o apoio que precisei, acalmou-me quando foi preciso e deu-me a coragem que o momento pedia.
Eu só queria ver a minha bebé. Saber se ela estava bem. Descobrir-lhe o rostinho e beijá-la. Acolhe-la nos meus braços. Naquele sábado quente de 20 de Setembro 2014, às 8:20 da manhã chegou ao mundo a nossa princesa Alice. No meio de um choro completamente descontrolado da minha parte e do Pai L. a nossa tão desejada menina, fez a entrada oficial na nossa família. As primeiras palavras que lhe disse, foram tão naturais e ao mesmo tempo tão importantes que 1 ano depois ainda me lembro, sussurrei-lhe ao ouvido :"Bem-vinda meu amor, minha pequenina."











sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Dos dias muito negros :(




As primeiras fotos de crianças afogadas no mar que me chegaram aos olhos, vieram pelo facebook da excelente jornalista Rita Marrafa de Carvalho. A violência daqueles recortes foi de tal forma devastadora que chorei compulsivamente durante horas. Não por pena, mas por vergonha. Vergonha do mundo de merda em que vivemos, onde as crianças não podem ser crianças em certas partes do mundo. E sobretudo muita vergonha de ser em parte causadora do que se anda a passar de mau neste mundo. Aquele murro de realidade, aqueles corpinhos semi despidos na escuridão do mar gelado foi um estalo no meio da minha bolha de felicidade. Tirou-me o sono. Fiquei a matutar no que poderia fazer do alto da minha insignificancia. Deixei de ver o telejornal desde Sábado passado. Já não consigo. Não tenho estômago. Olho para as minhas filhas e imagino que poderia ser a minha família naquele barco. Poderíamos ser todos nós. Beijo ainda com mais força os meus. Agradeço cobardemente á vida por ter nascido onde nasci e por ter a vida que tenho. Penso mais uma vez naquelas crianças. Naquelas imagens insuportáveis de realidade. Sem culpa nenhuma, nasceram no lado errado do mundo. No desespero imensurável daqueles pais que escolhem a incerteza do mar ao das bombas. 

Dois dias mais tarde aparece mais um corpinho. Nas redes sociais só se fala nisso. Aquele menino com o rostinho colado à areia fria foi o estalo que a nossa Europa precisava. Aylan chama-se ele. Aylan 3 aninhos e o seu mano Galip de 5 anos, ambos mortos por afogamento enquanto tentavam fugir com a sua mãe para a Turquia com o destino ao Canadá. Enquanto deixarmos o mundo ir nesta espécie de inércia moral e humana, tudo pode acontecer. A "democracia" de deixar pessoas morrer à fome no nosso próprio país, a "democracia" de ver o mundo ruir e continuar na contemplação do nosso próprio umbigo. Estamos sem sombra de dúvida a permitir que tudo isto possa acontecer. O medo e a cobardia de que nos possa chegar mais perto, faz-nos tapar os olhos e os ouvidos. Só que agora chegou-nos o cheiro e não há mola no nariz hermética o suficiente. As guerras precedentes não são NADA comparado ao que aqui vem. Miséria da alma, dos valores humanos e qualidades morais. 

A solução? Não faço a mínima ideia qual é. Mas alguma haverá. Nem que seja estupidamente ter amor ao próximo, ter compaixão e mostrá-lo da maneira mais simples que seja. AJUDANDO de forma genuína. Enviando bens de primeira necessidade. Abrir as portas do nosso país e das nossas casas, e sobretudo abrir o nosso coração. A EUROPA SOMOS NÓS QUE A FAZEMOS. Não vamos continuar a compactuar com o nojo de gente de fato e gravata que acha que manda. Para ajudarmos a AMNISTIA INTERNACIONAL a exigir o fim do silêncio europeu :


1) Façam um donativo: liguem 760 300 112 (custo da chamada 0,60€+IVA) oubit.ly/Apoiar
2) Assinem a petição: bit.ly/europa_refugiados


Não custa nada. Hoje por eles. Amanhã por nós. 





segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Alice a trolar pessoas aka eu, desde Setembro 2014



A Baby Alice não diz mamã, diz olá, pápa, papá e pupu (piu-piu) mas mamã está de chuva. Baby Alice quando lhe perguntam onde está a mamã assobia para o lado (se soubesse assobiar) mas sabe muito bem indicar onde está o Papazinho. Baby Alice aponta com o seu dedinho indicador pequenino para a irmã M. quando se lhe pergunta onde está a mana. Para a pequena pulga da casa eu sou "apenas" a gaja que lhe dá de comer e lhe dá banho e vá, lhe troca as fraldas e a salva quando chora a meio da noite. Pequena Alice quando sai da creche só quer o colinho da gaja, pequena piolha raramente gosta de deixar o colinho da gaja quando está em modo dengosa, nem aceita o do seu papá adorado, berra como uma possuída se lhe tiram o conforto dos braços da gaja. Baby Alice esta manhã estava dentro do parque enquanto eu andava atarefada em vestimentas e preparação de mochila para a creche, farta de estar ali dentro começou a dar à voz. Aproximei me e disse-lhe "só te tiro daí se disseres mamã, minha malandra". Claro que não surtiu efeito nenhum, continuou de bracinhos no ar a tagarelar na língua dela, pelo que finjo virar as costas e volto a repetir "só se me chamares mamã". Baby Alice não se apoquentou e começou a gritar ainda mais alto PAPÁÁÁÁ!!!!! 




sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Sou uma péssima Mãe, confesso.

No quarto da Alice temos um cantinho nosso que adoramos especialmente no fim do dia. Uma cadeira com o pavoroso doce nome de POÄNG (obrigada ikea) onde contamos as borboletas dos cortinados, cantamos músicas para nanar e onde cai geralmente chuvas de beijos e coceguinhas. É, é ali que gosto de lhe dar o biberão e vê-la cair suavemente em sonhos cor de rosa. Onde sinto que o meu colo é o perfeito encaixe para aquele pequeno corpo cheio de refegos e com cheiro a algodão doce. 

Às vezes já está profundamente adormecida e eu continuo com ela no meu colo. Só para a namorar mais um bocadinho, decorar-lhe os traços, cada caracol cor de mel e sorver cada mímica que faz a dormir. Tão amorosa, tão serena, e céus tão mas tão bonita. Sim sou uma péssima Mãe, tiro-lhe o conforto da cama só por puro egoísmo. Porque sei por demais o quão o tempo passa rápido, o quão me arrependi de não ter aproveitado ao máximo (mas tentei muito) da mana mais velha. 

Sim, faço parte assumidamente daquelas Mães horrorosas que adormecem os filhos ao colo. Daquelas que as pessoas apontam o dedo dizendo que encho a menina de manhas. Sou uma péssima Mãe porque em vez de educar a Bebé a adormecer sozinha na sua cama como uma crescida, sou uma egoísta e quero-a no meu colo só para mim. Porque sei que é o meu último bebé e que todas as pequenas conquistas vão deixar de ser novidade mas que são o meu orgulho quotidiano. Sim assumo, não sou a melhor Mãe e espero que um dia a Alice me perdoe este amor avassalador, que tantas vezes me levas ás lágrimas só de a ver dormir assim, com a maravilhosa despreocupação que a infância lhe oferece.


sábado, 15 de agosto de 2015

A melhor surpresa de 2014 # 4



Como disse mais abaixo, esta gravidez não foi fácil e o que posso dizer é que ao longo das 39 semanas a Alice brindou-nos com surpresas atrás de surpresas. 

A descoberta da gravidez foi a primeira claro. A Alice foi um bebé muito desejado mas não planeado, é uma realidade. 

Aos 3 meses de gestação, o meu ginecologista diz-me que tem a certeza que é 80% rapaz 20% menina. "Pode ir preparando o azul e as bolas de futebol, Mãe Su". Assim seja Sr. Doutor! Falei com o Pai L. e avisei que muito provavelmente seria um pilinhas e, que era melhor começarmos a pensar em nomes para rapaz. Guardei essa preciosa informação só entre mim e o Pai L., pois filhota M. todas as noites juntava as suas mãozinhas e pedia a Deus por uma mana para ela poder cuidar e mimar (filhota M. já tem dois manos mais novos do lado do papá dela). Devagarinho comecei a plantar a semente no coração da M. de que poderia acontecer um mano e que talvez fosse bom ajudar-nos a escolher um nome. Muito rapidamente saiu um Gabriel, pois sempre foi um nome que eu adorei. Pai L. concordou e filhota também. Psicologicamente eu já estava pronta para um menino, já me imaginava com ele nos braços, o rosto dele, o quartinho em tons de azul e os carrinhos espalhados por toda a casa. POIS. Isso foi até às 20 semanas. Gigi decide dar um olho no baby fazendo uma ecografía. Gigi que desde os 3 meses me dizia que estava "a 80% seguro que era um menino" me diz : "Aaaaah tenho a certeza que é uma menina". Não sei se conseguem imaginar a minha cara de pescada cozida a olhar para o médico. Saio do consultório meio abananada com a notícia e ligo para o Pai L. "Houston we have a problem". Precisamos de um nome para menina! Saiu um Adriana, Carolina, Lia, Sofia mas nada que me enchesse as medidas, até ao dia em que entrei numa livraria e os meus olhos bateram num livro com uma capa muito bonita. Seria uma Alice.
Na semana a seguir fiz a ecografia morfológica e claro, confirmou-se o menos esperado, uma menina! Nunca hei-de esquecer as lágrimas de alegria da minha M. e a felicidade do Pai L. que começou seriamente a pensar na vidinha, nas lojas de caçadeiras e afins.


sexta-feira, 14 de agosto de 2015

A melhor surpresa de 2014 # 3



Mal cheguei a Portugal começou uma espécie de corrida contra o relógio Alice. Montar o quarto todo da bebé, comprar carrinho, banheira, ovo, biberões e etcs. Praticamente todos os dias íamos ao shopping para comprar coisas para a Alice. Foi desgastante mas foi tão bom poder fazer isso a dois. Tudo o que era roupinhas eu já tinha comprado aos poucos em Genebra logo ficámos descansados nesse aspecto. Era só escolher as coisinhas e depois ajeitar tudo no quartinho da nossa pequenina.

Também tínhamos outros assuntos a resolver com a mais velha, pois apesar de ter feito uma pré-inscrição na escola em Janeiro de 2014, o nosso ensino estava virado do avesso com o problema da colocação dos professores. Após a correria de ir traduzir papeladas, ir á embaixada Suíça (que afinal não existe) nada tinha ficado resolvido. Os papeis teriam de seguir para o Ministério da educação para aprovação e só depois validavam a inscrição da filhota M. na escola. Claro, nada correu assim de forma tão linear, a validação nunca chegou por causa do problema dos professores e a filha M. acabou por ficar em casa até NOVEMBRO! Só após um valente murro na mesa é que a escola se dignou a aceitar a M. numa turma. Uma dor de cabeça que poderia ter sido escusada se o nosso país fosse organizado. Mas enfim a meados de Agosto 2014 estava eu muito longe de imaginar que a situação iria ter esse desfecho.

Foi preciso também organizar as consultas na maternidade, porque apesar de ter um seguro de saúde privado na Suíça (e válido em Portugal) eu queria ter a bebé no público. Tinha pesquisado imenso as ordens aqui do Porto e hospitais, e acabei por me ficar pelo Centro Hospitalar Materno Infantil do Norte (Júlio Dinis). Sabia que se tivesse um problema no privado seria recambiada para ali, pensei "não vou ter quarto privado nem menu á escolha? Whatever! O que são 3 dias numa vida?". O que é certo é que não tive de facto menu á escolha (FOI A PIOR COMIDA DA MINHA VIDA) mas o quarto esse foi como se fosse privado, estive sozinha durante os 2 dias e correu tudo muito bem nesse aspecto. 




quarta-feira, 12 de agosto de 2015

A melhor supresa de 2014 #2



Como imaginam, preparar um regresso a Portugal após 24 anos num país totalmente diferente, não foi pêra doce. Primeiro porque em 24 anos temos tempo de amontoar uma porção de móveis, roupas e tralhas que só nos faz pensar que afinal até somos ricos. Foi preciso fazer uma grande selecção para ver o que valia realmente a pena mandar para Portugal e o resto despachar a quem precisasse na Heidiland. Depois porque a minha gravidez apesar de ter sido vivida em plenitude, não foi uma gravidez fácil. Aos 5 meses de gestação tive de parar de trabalhar e entrar em repouso absoluto, o meu colo abria ao mínimo esforço e o risco de nascimento prematuro aumentava exponencialmente. Também não estava a ser fácil psicologicamente pois Pai L. fazia muita falta no meu dia a dia. Mamãs desta blogosfera, lembram-se como ficávamos sensíveis e mimalhas? Pois. 

Pai L. devido à sua profissão não se podia ausentar de Portugal durante muito tempo, logo, só me visitava quando tínhamos consultas importantes. O resto do tempo posso dizer que quem nos valeu foi o Skype e os Hangouts no Gmail. Situação como imaginam foi deveras frustrante para ambos, uma vez que eu só podia deixar o território Suíço ás 32 semanas de gravidez. Mas tudo se ajeita nesta vida, basta força de vontade e sobretudo uma grande dose de confiança no amor que sentimos pela nossa cara metade. Basta-nos saber que apesar da distância e de todas a dificuldades que isso comporta, está sempre ali aquela mão que mais queremos segurar, o melhor abraço do mundo e aquele "Vai correr tudo bem. Estamos juntos." convicto sussurrado ao ouvido.

E correu, correu tudo bem. Dia 29 de Julho de 2014, após uma organização digna de uma agenda de ministro, a filha M., Eu e a minha barriga de 8 meses de Alice, chegámos ao Porto para ficar. 
Ainda tinha mil coisas para tratar antes do nascimento da bebé, mas o principal já estava. Estávamos em Portugal.




Baby A a fazer das suas logo ao amanhecer



Adoro estar cheia de pressa e na hora de sair de casa, pegar na Alice e constar que tem cocó das costas até à alma. Wonderful! 




terça-feira, 11 de agosto de 2015

A melhor surpresa de 2014

Em 2014 ainda morava em Genebra quando descobri que estava grávida da Baby A. Eu e o papá L. namorando na época há um par de anos à distância já tínhamos em projecto o meu regresso a Portugal. Até porque já tinha sido pedida em casamento em Setembro 2013, como é claro o anúncio desta gravidez só acelerou um pouco (muito) mais processo. 
Na época escrevi o texto aqui em baixo quando soube e ainda hoje sinto aquele arrepio na barriga quando me deparei com aqueles 2 tracinhos num rectângulo branco. Foi o inicio de uma grande aventura para toda a família.

20 Janeiro 2014
Dizem que o dia 20 de Janeiro é o dia mais triste do ano. Para mim é um dos dias mais felizes da minha vida.


Diz que tens o tamanho de uma semente de sésamo. O grãozinho mais precioso que eu vou amar com todo o meu coração e fazer de tudo para que tudo corra bem. Sê bem-vindo ao meu ventre sementinha. Amamos-te e estamos muito felizes com a tua entrada na nossa vida. 



segunda-feira, 10 de agosto de 2015

"Onde mora o Sol" Take 1



Uma família de 4 onde coabitam alegremente um músico, uma adolescente em crise, uma bebé amoravelmente traquina e uma Mãe recém retornada. E claro, por aqui temos dias. 

Dias de gargalhadas e de muita alegria mas também de amuos e de discussões animadas. São dias de amor e humor, de risos e algumas lágrimas também. Aqui nem todas as segundas-feiras são más nem estamos in love todas as sextas. Boicotamos a música pimba e gostamos de Jazz. Somos assumidamente mais ikea que móveis de Paços de Ferreira. Mais petiscos que grandes jantaradas. Mais cerveja do que vinho. Mais Gin que Martini. Mais Pingo-Doce que Continente. Mais Pull&Bear que Massimo Dutti. 

Uma família diferente à nossa maneira. Olhem, uns felizes patetas, é o que nós somos.




(Ah falta o cão! é velho e resmungão, nada a fazer)