sexta-feira, 15 de julho de 2016

Da euforia ao horror




Portugal campeão da Europa, já me parece tão longe, e foi apenas há 5 dias. A alegria que nos ia no peito de repente foi anulada com imagens de horror em Nice ontem à noite. 
Famílias como a minha, foram assistir aos fogos de artificio da festa nacional, numa noite feliz e descontraída como tantas outras. Não tenho palavras para descrever. A dolorosa impressão que já vimos este filme, que a história está a repetir-se pela centésima vez. Adormeci como após uma noite de copos. Grogue, abananada e enjoada. 
Ao ver a minha Alice esta manhã fiquei com um nó na garganta, poderíamos ter sido nós. Aqueles caracóis de mel a saltitar pelo quarto. Poderíamos ter sido nós. Aquele sorriso e aquela voz pequenina e alegre. Poderíamos ter sido nós. Não consigo perceber. Não consigo entender o que se passa neste mundo. Claro, todos os dias infelizmente acontecem atentados a menor ou maior escala, mas não nos toca tanto na pele. Não estão tão próximos. Eu sei, é horrível dizer isto. Mas a França é a porta ao lado, o vizinho do terceiro andar. Tenho os meus pais que ainda estão na Heidiland. Tão perto. Tão ao lado das Nações Unidas. Tenho medo. Apetece-me pegar na minha família, envolvê-la num manto protector.Pela primeira vez pondero nem sair de Portugal para as férias. Pela primeira vez penso em nunca mais sair daqui. Nunca mais. 
Como explicar isto à minha mais velha? Como explicar que isto é obra de gente doente, que já nem se trata de religião ou de uma outra qualquer crença. É só mesmo matar por matar. Não há mais valores humanos. 
A cobardia é a arma desses crápulas. 
Não digam que não têm medo. Quem tem família tem medo.
Acho que a terceira guerra mundial é isto. 




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